Por que ainda não sou fluente em inglês?
- Mônica Sanoli
- 24 de out. de 2024
- 5 min de leitura
Atualizado: 30 de abr.
Você já começou diversos cursos de inglês, com metodologias e materiais diferentes, mas nunca conseguiu permanecer em um deles por muito tempo. Às vezes as turmas são muito grandes, outras, muito pequenas, ou os professores trocam o tempo todo. Sempre que você começa um curso novo, você se sente entediado, porque já conhece aquelas regrinhas do verbo to be e até consegue usar do do jeito certo, inclusive conjugando a terceira pessoa corretamente. Só que eles nunca te deixam ficar em uma turma intermediária; sempre que você recomeça, tem que voltar um nível. E você pensa que é melhor assim, afinal, sempre que chega no intermediário você se sente totalmente perdido. Mas, depois de anos nesse mesmo esquema, o sonho da fluência continua tão distante quanto estava quando você começou, o que te faz concluir que talvez aprender inglês não seja mesmo para você.
Se você se identificou, existem alguns segredos que eu preciso te revelar. Começando com o principal: em sua grande maioria, cursos de inglês (presenciais ou online) vendem uma solução enlatada, que não funciona para a maioria dos seus clientes. O importante para eles é a rotatividade de alunos, é encher salas de nível básico. Resultado rápido não existe, porque aprender um idioma é um processo que demanda esforço e tempo, não tem como fugir disso. Então, quanto mais fácil e rápida for a solução oferecida, maior deve ser o seu desconfiômetro.

Fluente ou avançado?
Existe também uma confusão muito grande entre os termos fluência e avançado. Você pode, afinal, ter fluência no intermediário, ou até no básico. Isso porque fluência é sinônimo de comunicação fluida, sem impedimentos, o que não acontece, como em um passe de mágica, apenas a partir do avançado. Se você consegue manter uma conversa, ainda que cometendo erros; se você consegue transmitir a sua mensagem e entender o que está sendo dito para você, meus parabéns: seu inglês é fluente, ou muito perto disso.
Já o “avançado” corresponde ao nível C1 de proficiência, o que significa que a pessoa tem uma capacidade maior de uso do idioma. Se bater a curiosidade, dê uma olhada na tabela de níveis do CEFR, o quadro comum de referências para línguas europeias, e esqueça os termos “básico”, “intermediário” e “avançado”. A régua correta que você deve usar para medir a sua proficiência (perceba que não disse fluência) são os níveis do quadro: A1, A2, B1, B2, C1 e C2, sendo o A1 o iniciante que já tem alguma noção da língua e o C2 o proficiente, a pessoa que consegue fazer uso pleno do idioma. Para aqueles com conhecimento muito básico, eu criei um curso base, chamado de A0.
Dica: faça um teste de nivelamento que te dê o resultado dentro do CEFR, procure saber o que você deve saber fazer dentro do nível que alcançou e confira se você sabe realmente fazer tudo aquilo. Depois, veja quais habilidades você deve dominar para alcançar o próximo nível e trabalhe para que isso aconteça. Lembrando que as nossas habilidades de produção e recepção dificilmente são iguais. Por exemplo, é normal que você leia e/ou escute muito bem, mas tenha bastante dificuldade na escrita ou na fala. Por isso, é importante nivelar todas as habilidades.
Platôs de aprendizado
Se você está lendo este post, provavelmente foi alfabetizado em português, dentro de um contexto familiar e da cultura brasileira, celebrando o Natal no verão, comendo frutas tropicais e tomando guaraná. Se não fez alguma dessas coisas, pelo menos as considera como normal. Agora, imagine uma cultura totalmente diferente, na qual as quatro estações são realmente distintas umas das outras, as frutas não são frescas, neva no Natal e o jeito como você aprendeu a fazer as coisas não é considerado normal. O quanto você acha que a cultura afeta a língua? Quantas expressões existem no português brasileiro por causa da nossa cultura? Você acha que essas expressões existem em inglês? Não faz sentido que existam outras expressões, refletindo crenças e costumes das culturas nativas da língua inglesa?
Pois bem, quando você aprende um idioma novo, você não deve aprender apenas palavras, mas uma nova cultura também. Isso é um processo que leva tempo e demanda dedicação da sua parte, principalmente quando você atingir certos platôs.
Platôs são grandes períodos de tempo em que nada parece acontecer, por mais que você compareça a todas as aulas e faça todos os exercícios. Geralmente são nesses momentos que os alunos desistem dos cursos, afinal, quem vendeu aquilo para eles prometeu resultados rápidos, não é mesmo? Contudo, é importante ter paciência e confiar no processo, quanto mais você se dedicar, mais rápido vai conseguir sair do marasmo e da mesmice que costumam acometer os alunos nas passagens do A2 para o B1 e do B2 para o C1.

Autonomia e responsabilidade
Como professora, eu já vi vários alunos acreditando que pagar a parcela do curso todos os meses é garantia de aprendizado e evolução. Por favor, não seja um desses. É a mesma coisa que se matricular na academia e não ir, ou fazer tudo errado. Quem nunca? Só que se você precisa e quer falar inglês, não se sabote desse jeito. Você não precisa ser autodidata e estudar sozinho, mas é muito importante que você participe ativamente do seu processo de aprendizado. Entenda em qual nível você está, procure saber como você aprende melhor e use essa informação ao seu favor. Prefira ter aulas particulares e personalizadas a aulas genéricas em grandes grupos. Peça à sua professora ou professor para te ajudar a montar um plano de ação. Nunca se esqueça de qual é o seu objetivo final, e quando tiver que desviar dele, desvie com consciência. Se precisar recalcular a rota, faça isso com sabedoria. Só assim você vai conseguir o que quer e vai parar de gastar dinheiro à toa com cursos de inglês que não te dão resultado algum.
Enfim, uma última dica: mesmo que você não consiga pagar para ter aulas no momento, comece sozinho, com o que você tem. Não tenha preguiça de colocar o inglês na sua vida de maneira gradual: escolha filmes e séries que você já tem costume de ver e assista-os em inglês. Se conseguir, mude a legenda para inglês. Se desafie sempre que puder: tente ler um texto em inglês, nem que seja uma legenda no instagram. Pare de jogar tudo no tradutor sem nem tentar entender. Não deixe de exercitar o seu cérebro.
Obrigada por ler até aqui! Se quiser estudar inglês comigo, é só me chamar para marcar uma conversa. Nela, farei o seu nivelamento e nós conversaremos sobre os seus objetivos. Será um prazer te ajudar. :)
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